sábado, 3 de setembro de 2016

Amy Winehouse - A explosão da Genialidade e da Loucura.

Por Raphael Oliveira

Eu sempre me pergunto o que me motiva a escrever um texto sobre qualquer aspecto do cenário musical, nunca consigo achar uma resposta mais aceitável do que... Toda vez que algo me toca aos ouvidos, dá muita vontade de falar pra todo mundo o quão bom determinada coisa é.

Esta semana do nada me bateu uma vontade de ouvir Amy Winehouse em loop e essa vontade foi "startada"  pelo fato de ter ouvido uma única música que pra mim é uma das melhores de suas canções, Tears Dry on Their Own. Toda essa vibe jazzistica que trás junto do seu som, somado ao fato ter assistido à alguns meses atrás o premiado (Ganhou o Oscar de melhor documentário de 2016) documentário, Amy, que está disponível na Netflix, realmente me convenceram totalmente que eu precisava falar de Amy Winehouse.

Usando uma frase batida (péssima maneira de se começar um texto), mas que é uma frase que sintetiza sim a carreira da londrina, Amy passou pelo mundo da música como um meteoro, consumindo todos os recursos jornalísticos de meados dos anos 2000, mas que também foi consumida por esse mesmo universo sedento por notícias, mainstream, sucesso, furos, fotos e... Escândalos.

A carreira da garota foi marcada por transformações, o documentário citado anteriormente mostra o início de carreira com uma Amy ainda sonhadora, mas já MUITO competente, gostaria de frisar que ela já era MUITO competente e me perdoe a proposital redundância, mas ela é necessária pois, uma das primeiras cenas do documentário é uma jovem Amy cantando um "Happy Birthday to You" para uma amiga que é de se cair o queixo. Hoje em dia em todos os programas de calouros (The Voice, X Factor, Superstar e... ehhh... Raul Gil) podemos achar alguém que tenta de uma maneira descarada imitar o seu jeito despojado de cantar, porém digo com todas as letras NUNCA CHEGARAM NEM PERTO.

Ela conseguiu ser original, porém com os pés fincados no Jazz que é um ritmo que conduz a música negra, Norte Americana desde sempre, o Jazz é a sua maior paixão, isso ela nunca escondeu, chega a ser emocionante um dueto dela com o fenomenal Tony Bennett, mostrado de uma maneira tão sensível no documentário. É engraçado ver uma Amy Winehouse, já uma grande cantora, compositora, garota prodígio, ter vendido já milhões de discos, não conseguir segurar a ansiedade de estar na mesma sala, junto com um dos seus maiores ídolos. Gostaria de indicar a todos a versão da música Body and Soul presente no documentário mas também disponível no canal Vevo no Youtube é emocionante a sinergia dos dois grandes astros do Jazz, um já consolidado, outra que vinha se tornando uma referência Jazzistica para sua geração.

Junto com todos os seus atributos vocais, Amy trazia consigo, também já desde nova, um jeito tão despojado quanto a sua maneira de cantar, ainda muito nova em suas primeiras tours pela região onde morava, já à acompanhava algumas substâncias ilícitas, essa foi uma tônica na sua carreira, a sua relação com o álcool e com as drogas. O documentário mostra esse lado dela, tudo isso só potencializava um comportamento explosivo, uma personalidade marcante que ela também sempre teve. Ela era um prato cheio para os tabloides europeus.  O documentário também foca em um relacionamento que ela teve com seu ex-marido Blake Fielder-Civil, esse relacionamento foi literalmente o ponto que lhe levou a convergir para toda a loucura que se tornou sua vida pessoal, o ex-marido hoje assume que ele apresentou a heroína para Amy e assim afundando cada vez mais a cantora nas drogas, ela também sofria de bulimia nervosa, era uma bomba pronta para explodir.

Esquecendo um pouco o lado pessoal, esquecendo a sua parte louca, voltemos para a sua genialidade, além de todos os atributos artísticos, ela sabia escolher uma banda como ninguém, seus dois backing vocals, conseguiam roubar a cena junto a genial Winehouse, a dupla conhecida como Zalon & Ede, muitas vezes seguraram a onda dos shows, quando a cantora se quer conseguia subir ao palco por conta dos excessos de drogas e bebida.  Com apenas dois álbuns de estúdio, o primeiro e já muito bom disco Frank, trás canções como October Song com uma pegada mais pop/jazz, a divertida Amy, Amy, Amy que já tem como característica o despojo presente em toda a sua discografia.

Porém o disco que a elevou ao patamar de estrela foi o genial, Back to Black. Com o lançamento do seu segundo disco, ela atinge hoje uma marca de mais de 40 milhões de discos e singles vendidos em todo o mundo, com canções despontando nas melhores posições da Billboard no ano de lançamento do disco. Back to Black, Rehab, Me & Mr Jones, a já citrada Tears Dry on Their Own são músicas que apresentam tudo que Amy tinha para entregar naquele momento de sua vida, uma grande intérprete e uma compositora genial.

O fim desta história todo mundo já sabe, e não cabe a mim dizer o quanto ela podia nos apresentar se não fosse o caminho escolhido, a vida foi marcada por todos os excessos possíveis, brigas com a imprensa, drogas, bebidas, relacionamentos difíceis tanto amorosos quanto com a sua própria família, inclusive o pai dela Mitch Winehouse foi um grande crítico do documentário pois, segundo ele, apresentou uma indiferença da família quando Amy estava totalmente imersa nas drogas, que segundo ele nunca existiu, é mostrado várias das muitas internações pela qual a cantora passou durante os anos de sucesso.

Apenas uma coisa é certa. O seu legado ficará eternamente, pela sua abordagem jazzística e por trazer para a nova geração valores musicais que não estavam perdidos e sim esquecidos em algum lugar do passado.




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