quarta-feira, 25 de maio de 2016

Resenha: Lenine - Carbono (2015)


Por Jônatas Siqueira


Um álbum de parcerias, das velhas até as mais novas, mesclando o que há de novo na música com velho som característico de sua bela carreira. O “Carbono” vem pra me deixar aliviado e avivado de que ainda existe música de boa qualidade (muito obrigado de nada!) em nosso Brasil anos 2000. Como é bom escutar um disco, faixa por faixa, canção por canção e deleitar-se da boa poesia de mãos dadas com as notas musicais (poético, não?!). Ainda mais quando esse disco é concebido por um pernambucano cabra macho, perdão aos de outros estados kkk, mas fico muito feliz ver alguém próximo que bebe das mesmas fontes e as transforma nesse belo trabalho que aqui será comentado. 

Aproveitem!

Partindo da parte musical ouvimos um Lenine cercado por goodfellas de alto calibre, temos neste trabalho parcerias com novos do cenário musical como nas canções: “Castanho” – feita com o Carlos Posada da banda O Clã; “O Impossível Vem Pra Ficar” – a galera do 5 A Seco; e “A Causa E O Pó” – com o filho João Cavalcanti. E os velhos companheiros também representados, destaque nas canções “Cupim de Ferro” com o Nação Zumbi, “Quede Água” com o Carlos Rennó, antigo amigo de letras; e “Grafite Diamante” que vem escrita por nada mais, nada menos que Marco Polo, vocalista da lendária banda recifense Ave Sangria.

Os arranjos aqui expressos são dos mais diversos, nada de se espantar com Lenine que traz visões vastas de ritmos e levadas, onde caminha da lenta e intimista “Simples Assim” até o rock mais pesado do “Undo”, do maracatu do “À Meia Noite Dos Tambores Silenciosos” ao eletrônico/alternativo “A Causa E O Pó”.

Mas vale atentar as letras, sim... e que belas letras, principalmente nas canções mais lentas. O que dizer da faixa “Castanho”, onde na abertura do disco já chega chegando, mostrando pra que veio e impondo respeito ao som, onde diz:

“Trago no sangue no sonho
Falar castanho verde olhar
Fui batizado no fogo
Ouvindo e cantando
(...)
O que eu sou, eu sou em par
Não cheguei sozinho”

E a “Simples Assim”, parceria com o Dudu Falcão?

“É, eu ando em busca dessa tal simplicidade
É, não deve ser tão complicado assim
É, se eu acredito, é minha verdade
É simples assim
E a vida continua surpreendentemente bela
Mesmo quando nada nos sorri
E a gente ainda insiste em ter alguma confiança
Num futuro que ainda está por vir
Viver é uma paixão do início, meio ao fim”

Daí a prosa vai longe se eu for falar de cada letra, pois são muito bem construídas e pensadas. Ainda destaco as das canções “Quede Água” – um alerta diante da crise hídrica que vivemos; a “Quem Leva a Vida Sou Eu” – que alfineta a famosa canção do Zeca Pagodinho (entendi a referência kkk); e a pensativa “O universo na cabeça do alfinete" – parceria com o Lula Queiroga.

E para fechar o “Carbono” o rock instrumental do “Undo”.  Música gravada num take só, isso mesmo, foi numa lapada só, pêi-bufo! Entra no disco mostrando a que veio e sai convencendo que virá mais.

E esse é o mais novo trabalho do Lenine aos meus olhos ouvidos. Vale a pena dedicar o tempo precioso para conferir esse álbum arretado de bom! Unindo o velho com o novo, passando por diversos caminhos e interpretações nos entrega no fim dessa caminhada um disco de altíssimo nível musical e artístico, considerado um dos melhores álbuns nacionais de 2015.
Então tá esperando o que, danado?! Vá simbora escutar!




Abraços!!

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